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O menino do pijama listrado

terça-feira, 11 de março de 2014
Bruno é um garoto de nove anos que vive em Berlim em plena Segunda Guerra Mundial. Seu pai é um oficial da SS, que a mando do "Fúria" se vê obrigado a deixar o conforto de sua mansão para viver no campo de "Haja-vista" com sua família.

O garoto, que não sabe nada sobre a guerra ou sobre o trabalho do pai, não entende porque ter que se mudar para uma casa sem luxo e sem nenhum dos seus amigos para brincar. Da janela do seu quarto ele consegue enxergar um lugar rodeado por uma enorme cerca onde todas as pessoas usam pijamas listrados.

Em um dia de tédio, Bruno resolve se tornar um explorador e descobrir o que acontece do outro lado da cerca. Depois de percorrer vários metros sem encontrar ninguém, quando já estava pensando em voltar para casa, ele vê sentado em um canto isolado da cerca um garoto da sua idade usando um pijama.

O menino é Shmuel e logo uma amizade nasce entre o filho do comandante de um dos principais campos de concentração e o menino do pijama listrado do outro lado da cerca.
"Cercas como essa existem no mundo todo. Esperamos que você nunca se depare com uma delas." A orelha mais fofa. ♥
Eu não sei bem como começar a falar sobre esse livro, sinto que, não importa o quanto eu fale, ainda ficará faltando algo mas farei o meu melhor pra expressar minha opinião sem ficar faltando nada. A primeira coisa que já chama a atenção no livro é a capa, não só as cores usadas nas roupas dos judeus nos campos de concentração mas também a textura da capa que é semelhante ao tecido, fiquei passando a mão na capa por algum tempo porque a textura é muito ótima. 

O menino do pijama listrado narra como um menino de 9 anos chamado Bruno teve que abandonar seus amigos e sua confortável casa em Berlim para ir morar num lugar solitário e sem nenhum luxo. Bruno não sabe nada sobre o período em que seu país e o mundo se encontram, a Segunda Guerra Mundial, também não vê motivos para se mudar para um lugar tão ruim, sabe apenas que o Führer, ou "Fúria" para Bruno, enviou seu pai para trabalhar no campo de concentração de Auschwitz, "Haja-vista", e toda a família deveria ir com ele.

Em um dia de tédio, Bruno resolve brincar de explorador para descobrir o que acontece com as pessoas de pijama listrado do outro lado da cerca que ele conseguia enxergar através da janela de seu quarto. É nessa exploração em que ele conhece Shmuel, um garoto que mesma idade e que vive do outro lado da cerca. Logo uma grande amizade cresce entre os garotos com vidas tão diferentes mas com o mesmo destino traçado pelo terror do Holocausto.

Como já sabem, gosto de livros que retratem a época da Segunda Guerra e esse livro já estava na minha lista de leitura a bastante tempo. Não imaginava como era o livro, como era a narrativa, os personagens ou nada parecido, eu só conhecia a época vivida e o final, acho que a maioria conhece o fim dessa história. Eu não imaginava o que me esperava ao lê-lo, não sabia que seria tão emocionante.

A narrativa é simples, tão simples que qualquer um pode lê-la sem problemas, palavras difíceis ou qualquer coisa do tipo afinal, é o ponto de vista de uma criança de nove anos. "Inocente" é a melhor forma de descrever essa narrativa, um dos piores períodos da História aos olhos de uma inocente criança de nove anos, essa inocência que torna o livro emocionante e cruel pois com certeza haviam crianças que pensavam como Bruno na época, sem entender porque tudo estava acontecendo.

Apesar da narrativa simples sem dificuldade do ponto de vista de um garoto de nove anos, nem todos podem compreender o livro, um livro com o ponto de vista de uma criança só pode ser compreendido por uma criança quando foi escrito para elas e O menino do pijama listrado não tem nada de infantil, a realidade de Bruno é cruel, ele não sabe disso mas nós sabemos, estudamos isso nas aulas de história, conhecemos as crueldades sofridas pelos judeus e isso torna o livro mais impactante.
O livro não é narrado pelo próprio Bruno, mas tudo gira em torno de seus sentimentos, coisas que ele viu, ouviu ou suas opiniões sobre tudo à sua volta. No começo eu achei o Bruno um pouco bobo, do tipo que faz perguntas demais e é bastante mimado, mas depois eu me lembrei que ele não foi atingido pela Guerra, ele não sabe o que está acontecendo e por isso ainda acha que todos ainda estão vivendo uma vida normal, inclusive Shmuel.

Shmuel é mais maduro que Bruno pois ele sabe o que está acontecendo, ele está vivendo isso. Mesmo sem entender os motivos para usar o pijama listrado ou ter que ficar do lado de dentro da cerca, mas ele sabe que algo está acontecendo e sabe também que os oficiais como o pai de Bruno não gostam dele mesmo sem saber a razão desse sentimento. Ele se tornou meu personagem favorito do livro por ser forte e aguentar tudo o que está acontecendo a sua volta, por segurar o choro mesmo quando o medo está transbordando. Um personagem que mostrou que existiram (e existe) pessoas com problemas maiores que os meus e mesmo assim encontram forças para lutar. Shmuel é inspirador.

Existem outros personagens como a irmã "Caso Perdido" de Bruno que é mais velha que ele e por isso o acha insuportável e não brinca com ele, deixando-o ainda mais sozinho. Ela também está gostando de um oficial da SS que trabalha pro seu pai, o oficial Kurt Kotler que tem um comportamento que Bruno não entende, está sempre gritando com os empregados, tratando-os como se fossem animais e ele um ser superior. Acho que Bruno ao ver seu comportamento fez a pergunta que ainda não cala nos dias de hoje: Porque algumas pessoas ainda insistem em ser melhores que outras? Será que um uniforme ou a crença religiosa de alguém pode definir seu caráter ou torná-la diferente dos demais?

O próprio autor já diz que o livro não é recomendado para pessoas com nove anos de idade, também não recomendo pra quem não conhece o básico da História Mundial e se você for hiper sensível, como eu, recomendo que leia com uma caixa de lencinhos de papel ao lado pois em algum momento uma pequena lágrima vai brotar de seus olhos e quando você perceber já está chorando loucamente, também recomendo que tomem cuidado pra não molhar o livro com lágrimas.

De todos os livros que eu já li cujo tema é o Holocausto nenhum me emocionou mais, nenhum foi escrito dessa forma, pelos olhos de uma criança. É um daqueles livros que me fez (e ainda faz) refletir sobre as crianças que tiveram suas vidas marcadas pela Guerra, o horror e a crueldade humana, que tiveram seus destinos traçados sem ao menos saber o que estava acontecendo e, ao contrário de Bruno, não tiveram a oportunidade de ter suas histórias publicadas. 

Eu estou apaixonada por esse livro mesmo que ele tenha me feito chorar até ficar desidratada e fez com  que meu coração doesse por devolvê-lo para biblioteca. Eu estou encantada pelo livro e pela amizade que existe nele, pela simplicidade das palavras e pela sinceridade nas emoções, recomendo a todos que leiam e conheçam também esses garotos que não permitiram que uma cerca os separassem, que não permitiram que um pijama definisse quem eles eram e que, acima de tudo, foram amigos até o fim. 

Autor: John Boyne
Número de Páginas: 186
Editora: Cia. das Letras 

2 comentários:

  1. Adoro o filme e sou louca pra ler o livro. Adorei a resenha, Tati. Beijos!!
    http://4xvoce.blogspot.com.br/

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    1. Fico feliz que tenha gostado do post, querida. Ah, eu ainda tô pensando seriamente se quero assistir o filme, não quero derramar outros litros de lágrimas, leia o livro se tiver a oportunidade, é muito bom. *-*

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