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Ratos

segunda-feira, 2 de setembro de 2013
Shelley e sua mãe, que está se divorciando, moram num chalé a cerca de meia hora da cidade. Morar longe da cidade foi o melhor que puderam fazer depois de tanto serem maltratadas pelas pessoas que lá vivem, de aceitaram tudo em silêncio. Shelley, depois de sofrer um grande período de bullying que acabou resultando num grave e violento atentado, não frequenta mais a escola. As cicatrizes em seu rosto não a deixam esquecer do acontecimento que quase a matou. A casa longe da cidade foi o único meio que elas encontraram para fugir de todos que as fizeram sofrer, com a esperança de viver sem medo.

A esperança de uma vida calma e segura no campo é destruída. Na noite em que Shelley completa dezesseis anos, um estranho interrompe a calmaria de suas vidas, despertando um sentimento novo no coração da menina, algo desconhecido para alguém como ela, um sentimento desconhecido para um rato que passou a vida toda se escondendo de um gato. Os acontecimentos daquela noite mudam completamente a vida de mãe e filha, seus pensamentos sobre elas mesmas e sobre o mundo que sempre as castigou.

Até os ratos têm um limite.
Sem dúvida alguma, essa é a capa mais bonita da minha estante. Suas cores, o papel de parede sujo de sangue e a toca dos ratos logo abaixo a deixam com uma cara mais sombria, já ajuda a perceber que o livro é um thriller, e a frase: “Quando um gato entra na toca dos ratos, ele não vai embora deixando-os ilesos. Eu sabia como aquela história iria terminar. Ele mataria nós duas” faz com que se tenha certeza sobre o que se tratará o livro e o torna irresistível para qualquer pessoa que adore um bom suspense.

A segunda coisa que me chamou atenção logo quando vi o livro foi o fato de que a toca com o título é vazada, logo eu pensei que fosse uma jacket ou alguma mágica da editora, mas só depois eu fui perceber que “Ratos” estava escrito na parte de trás da orelha, não saberei explicar direito como isso acontece, porque sou horrível nisso, então fiz esse gif pra vocês entenderem como é mais ou menos.
Gente, eu estou em uma relação de amor com essa orelha, ela é maravilhosa, não é como as outras que estou acostumada, que têm apenas um quadradinho com a foto do autor e um pouco sobre ele. Essa orelha é linda, que me fez achar o autor lindo também — minha irmã diz que tenho um queda por homens “velhos”.

Só posso dizer que essa edição está ótima, com suas folhas amarelas, sua fonte de tamanho ótimo, suas cores, suas orelhas lindas e, principalmente, com sua “mágica” na capa.
Shelley é uma garota que, de uma hora para outra, começa a sofrer bullying das pessoas que nunca acreditou que pudessem fazer isso com ela, sem saber o motivo, ela passa a acreditar que tudo o que está acontecendo é por culpa dela. Os relatos de Shelley sobre suas agressões é tão verdadeiro e tão detalhado que me emocionaram, que me fez odiar as “garotas envolvidas”.

Quando li a frase na capa, cheguei mesmo a acreditar que o livro contava a história de ratos, mas assim que comecei a ler entendi tudo. Shelley e sua mãe são aquele tipo de pessoas que aceitam tudo em silêncio por medo de que algo ruim possa acontecer se elas não aceitaram. Elas aceitam situações humilhantes como o divórcio, o péssimo emprego da mãe de Shelley e até o bullying sofrido, preferindo fugir dele do que encará-lo. Comportamentos típicos de ratos, sempre amedrontados pela ideia de que um gato possa mata-los, sempre procurando lugares escuros parra se esconderem, sempre fugindo de seus medos.

Eu disse que o livro é tenso e não mudo minha opinião, os abusos sofridos por Shelley na escola, a “visita” do desconhecido e os acontecimentos que ocorreram depois até o fim do livro, me tiraram o sono, eu precisava saber o que aconteceria, porque eu não conseguia sequer imaginar o que estaria por vir, o que esperar de pessoas que chegaram aos seus limites. É tenso e surpreendente como tudo acontece e como as personagens reagem aos fatos.

Durante a narrativa é visível a evolução das personagens, as mudanças que ocorrem em ambas. É possível ver que Shelley passa de sentimentalista e medrosa para uma pessoa fria e, na minha opinião, egoísta. A maior mudança aconteceu com a Sra. Rivers, mãe de Shelley, que passou a vida toda sendo humilhada e sofrendo em silêncio, se tornou calculista, destemida e fria como a filha. Acho que a melhor frase para definir essa mudança é a de Kirkus Reviews: “Vitimas, levadas ao extremo, tornam-se agressores nesse thriller de opostos.”.

Apesar de ter lido vários suspenses, esse não foi como os outros. Não existem “mocinhos” em Ratos, todos os personagens têm “podre” e escondem seus segredos, muita gente não gosta disso, mas eu adoro. Não sou muito fã de personagens que queiram fazer o bem sempre, que não têm segredos, que são “puros”, são poucas as vezes que simpatizo com personagens bonzinhos.

Eu amei o livro. É incrível a reviravolta que ocorre na história, o que me deixou cada vez mais ansiosa pra saber o que iria acontecer, como seria o fim de tudo aquilo e quando finalmente o fim chegou, eu fiquei triste por ter terminado, fiquei com uma enorme vontade de saber mais, o que aconteceu depois. Na minha opinião, uma continuação cairia bem porque, apesar de ter sido um bom fim, não senti que estava tudo completo, que aquele deveria ser o fim. Faltou algo, não é legal ter que imaginar que tudo ficou perfeito depois de todos os acontecimentos, eu não gostei muito disso.

É um livro forte, um thriller psicológico que não recomendo pra quem não tem um estomago forte. O tipo de leitura que, mesmo depois de concluída, vai te tirar o sono. Um livro mostra a superação de vítimas cansadas de sofrer e, principalmente, que não existe certo ou errado quando é a sobrevivência que está em jogo.

Autor: Gordon Reece
Número de Páginas: 238
Editora: Intrínseca

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